Acredite: milhões de meninos e meninas Brasil afora enfrentam as dores da alma ao longo da infância ou da adolescência. E o pior: com altos índices de reincidência depois das primeiras manifestações. O mais impressionante, no entanto, é o que revelam dois recentes estudos americanos, um daUniversidade de Vanderbilt e outro do Johns Hopkins Children's Center. Eles mostram que filhos de pais depressivos ou com desordens de ansiedade são até sete vezes mais suscetíveis do que outras crianças a apresentar esse tipo de transtorno. Felizmente, também de acordo com as duas pesquisas, dá para interromper o ciclo desses distúrbios psicológicos de forma precoce.
"Esses problemas, que incluem a síndrome do pânico e as fobias, resultam de uma combinação entre predisposição genética e fatores ambientais", resume a psiquiatra infantil Ana Kleinman, coordenadora do Programa de Transtornos do Humor da Infância e Adolescência (Proman) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Pais depressivos ou ansiosos, além dos genes que transmitem aos filhos, podem ter maior difi- culdade para dar a atenção de que a moçada precisa", acredita.
A falta de paciência, a agressividade e a indiferença dos adultos podem gerar uma sensação de abandono emocional na garotada. E, para complicar tudo, essa turma teme ver o pai ou a mãe reagir mal diante de suas necessidades. No consultório de Ana, por exemplo, a cena é relativamente comum: ao perguntar a seus jovens pacientes se acham que a vida se passa em uma tela de TV em preto e branco, em geral a médica ouve respostas que refletem angústias e perturbações atípicas da faixa etária.
Com olhares esquivos, voz baixa e dicção lenta, os meninos expressam, a partir dessa provocação, quanto o mundo à sua volta perdeu o brilho e a cor. E começam a buscar explicações para a falta de prazer, o tédio e a desesperança. De acordo com a situação, tentam entender por que passaram a ficar irritados por tudo, sempre prontos para brigar com pais, amigos e professores. Ah, sim, o sinal de que algo não vai bem costuma soar tanto em casa quanto na escola. Não é raro que a queda no desempenho durante as aulas seja a primeira chamada para o estado de melancolia que se instala.
O mal-estar em uma idade precoce, obviamente, causa culpa nos pais. Mas é preciso esquivar-se desse sentimento. Adultos também são vítimas das mazelas emocionais. "Muitos nos procuram porque seus filhos não estão bem e depois descobrimos que eles precisam de ajuda tanto quanto os jovens", confirma a psiquiatra Ana Kleinman. O psicólogo Roberto Banaco, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vai além: "O risco de insucesso é grande quando só a criança recebe terapia".
Vale lembrar que existem outros fatores para o surgimento da depressão em garotos e garotas, teens ou não, como preconceitos e gozações na escola. O certo é que os transtornos psíquicos sempre desencadeiam algum prejuízo. "Por isso, qualquer atitude que caracterize uma tentativa do jovem de se afastar das coisas que ele gostava de fazer ou sempre fez merece ser investigada", explica Roberto Banaco.
Passar mais tempo ao lado do filho elogiando bons comportamentos em vez de fazer cobranças — que só vão torná-lo mais recluso — é um bom começo. Assim como é prova de amor apontar gentil e firmemente posturas indesejáveis e oferecer a ele oportunidades de executar tarefas para as quais tenha habilidade. Nessa escalada, é possível contar com a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. O tratamento analítico ou medicamentoso — ambos têm a mesma eficácia, segundo os resultados de um estudo patrocinado pelo Instituto de Saúde Mental dos Estados Unidos — pode ser a corda que puxará toda a família do fundo do poço rumo ao alto-astral.
"Esses problemas, que incluem a síndrome do pânico e as fobias, resultam de uma combinação entre predisposição genética e fatores ambientais", resume a psiquiatra infantil Ana Kleinman, coordenadora do Programa de Transtornos do Humor da Infância e Adolescência (Proman) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Pais depressivos ou ansiosos, além dos genes que transmitem aos filhos, podem ter maior difi- culdade para dar a atenção de que a moçada precisa", acredita.
A falta de paciência, a agressividade e a indiferença dos adultos podem gerar uma sensação de abandono emocional na garotada. E, para complicar tudo, essa turma teme ver o pai ou a mãe reagir mal diante de suas necessidades. No consultório de Ana, por exemplo, a cena é relativamente comum: ao perguntar a seus jovens pacientes se acham que a vida se passa em uma tela de TV em preto e branco, em geral a médica ouve respostas que refletem angústias e perturbações atípicas da faixa etária.
Com olhares esquivos, voz baixa e dicção lenta, os meninos expressam, a partir dessa provocação, quanto o mundo à sua volta perdeu o brilho e a cor. E começam a buscar explicações para a falta de prazer, o tédio e a desesperança. De acordo com a situação, tentam entender por que passaram a ficar irritados por tudo, sempre prontos para brigar com pais, amigos e professores. Ah, sim, o sinal de que algo não vai bem costuma soar tanto em casa quanto na escola. Não é raro que a queda no desempenho durante as aulas seja a primeira chamada para o estado de melancolia que se instala.
O mal-estar em uma idade precoce, obviamente, causa culpa nos pais. Mas é preciso esquivar-se desse sentimento. Adultos também são vítimas das mazelas emocionais. "Muitos nos procuram porque seus filhos não estão bem e depois descobrimos que eles precisam de ajuda tanto quanto os jovens", confirma a psiquiatra Ana Kleinman. O psicólogo Roberto Banaco, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vai além: "O risco de insucesso é grande quando só a criança recebe terapia".
Vale lembrar que existem outros fatores para o surgimento da depressão em garotos e garotas, teens ou não, como preconceitos e gozações na escola. O certo é que os transtornos psíquicos sempre desencadeiam algum prejuízo. "Por isso, qualquer atitude que caracterize uma tentativa do jovem de se afastar das coisas que ele gostava de fazer ou sempre fez merece ser investigada", explica Roberto Banaco.
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