Sexta-feira é o dia em que aumenta mais ainda a procura, nas farmácias, por estimulantes sexuais.
O barzinho na sexta à noite é o esquenta da balada. A animação muitas vezes também passa pela farmácia. Cada vez mais homens querem ter a mão os comprimidos do sexo. "Sábado e domingo é um recorde", conta o atendente de farmácia Valmir Barbosa.
"Às vezes rola aquela insegurança, está com a menina, eu uso sem problemas", diz um jovem.
Doze marcas de estimulantes sexuais disputam o consumidor brasileiro. Só no ano passado, esses remédios venderam R$ 500 milhões. Viraram febre até pra quem nunca teve problemas na cama.
"Ele é muito atraente pela facilidade que causa, pelo poder, pela prontidão, pelo desempenho", diz um rapaz. "Não adianta falar porque vicia. Dá efeito rápido e você se sente o dono da boate. Na farmácia é fácil. Ao menos, não se pede receita", diz outro jovem.
Remédio para disfunção erétil, a popular impotência sexual, tem que ser vendido com receita médica, e só em locais autorizados. Mas se a farmácia vender sem receita pode ser multada e até fechada.
A fiscalização deveria ser maior, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhece que são muitas farmácias para poucos fiscais.
Os remédios para impotência sexual também invadem o mercado ilegal, já são mais da metade dos medicamentos contrabandeados ou falsificados apreendidos pela Anvisa. Pelas contas dos médicos, 15% dos homens brasileiros usam os comprimidos do sexo.
"Apesar de sabermos que no Brasil, cerca de 45% dos homens não estão satisfeitos com a qualidade da sua ereção, isso não significa que eles tenham disfunção erétil", afirma a psiquiatra da USP Carmita Abdo.
"O brasileiro é muito imediatista. Ele quer uma medicação que funcione neste momento", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Archimedes Nardozza Júnior.
O uso indiscriminado tem impacto no bolso e na saúde. "Pode dar dor de cabeça, cefaléia, pode dar diarréia e dor muscular", explica Nardozza.
Os remédios podem trazer ainda um problema bem mais duradouro. "Eu acho que já estou dependente. Todo dia é balada, mulher. Praticamente todo dia eu tomo esse comprimido", relata um usuário.
"Se ele não se tratar e continuar esse processo de uso contínuo, esse jovem não vai acreditar que conseguirá ter ereção sem o auxilio do medicamento", afirma a psiquiatra.
"Tomando sempre é viciante, não é legal. Fica ruim", diz um jovem.
"Acho uma maravilha existir, para quando precisar, vou usar mesmo, aproveitar até o fim da vida. Hoje não vou usar, estou tranquilo", fala outro rapaz.