Ao nos perguntarmos se somos preconceituosos, a grande maioria de nós dirá que não. Também acredito que eu não seja, aliás, eu, em particular, tenho muita atenção a isso, pois na minha profissão e, principalmente, na minha especialidade, não julgar é o elemento mais confiável para uma boa atuação.
A palavra 'preconceito´, segundo o dicionário Aurélio, é o conceito ou opinião formada antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos, idéia pré-concebida.
Hoje cedo um amigo querido ligou para que eu lesse um artigo nos jornais comentando a turnê do cantor Elton John, que eu adoro.
O preconceito com o diferente estava presente, pois muito mais do que comentar, o seu trabalho de 40 anos de sucesso, o texto fazia muita referência à sexualidade do cantor, assumidamente homossexual.
Vejam isso: num comentário sobre o cantor, o preconceito se instala e, com certeza, não era a intenção do jovem jornalista.
Mas o meu assunto de hoje não é sobre orientação sexual nem as diversas formas de exercê-la. Quero falar do preconceito que tem a sexualidade presente e que toma outros contornos, como as diferenças raciais, sociais e intelectuais.
Temos aí um ponto que creio levantar polêmica, sem querer ser preconceituosa, mas admitindo sê-lo em parte dos exemplos citados.
Para mim, o mais difícil de conviver é o intelectual; desculpem-me os que lêem e não concordam, mas creio que não há nada mais frustrante do que não ter na intimidade com quem conversar como se estivesse falando consigo mesmo.
A próxima novela, de repercussão nacional, levantará a questão que as mulheres são sempre as aprisionadas pelas regras e isso é um ponto bastante interessante que ultrapassa as diferenças de castas como será a trama ambientada na Índia.
Outro dia presenciei uma cena curiosa num grupo de mulheres com idades entre 50 e 60 anos. Entre elas, viúvas, solteiras e divorciadas numa roda de conversa agradável na praia, por volta do meio dia, portanto, muito longe de acabar o dolce far niente toca o celular (ah! esses telefones estragam prazeres!) e, do outro lado da linha, a mãe de uma delas, a solteira, reclama a ausência da filha no horário do almoço dominical em família.
A jovem senhora ou menina medrosa, não sabe qual seria a colocação mais certeira, até tentou balbuciar uma desculpa pelo atraso, mas, de repente, com os olhos cheios de lágrimas, despediu-se e foi embora.
As outras, atônitas, sequer ousaram comentar, mas o silêncio traduzia a indignação e a carapuça que todas ali vestiam ao se sujeitarem a papéis que não mais fazem parte de seus discursos, mas que ainda se submetem por conta de hábitos, tradições ou preconceitos.
Creio, sinceramente, que em qualquer idade devemos ter atenção pelos nossos desafios pessoais, mas na maturidade, muito mais que isso, na maturidade devemos ter a obrigação em administrar o tempo presente e futuro, pois ele já é menor que o passado.
Avaliar sob seu ponto de vista pessoal e bem criterioso o que é medíocre, pobre e não perder seu tempo precioso administrando melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica mais madura, ainda não têm a maturidade suficiente para serem agradáveis no convívio.
Valorizando a essência, ter pressa e não ansiedade de conviver com pessoas que, ao valorizarem sua essência, não fogem de sua mortalidade, para que assim a vida valha a pena ser vivida e, como diz a música de Gonzaguinha, "viver e não ter a vergonha de ser feliz!".