Romance no escritório vale a pena? 3 exemplos pra você

CASO 1 – A empresa permite, quem não quer permitir é a ex dele

Marina*, 23 anos, trabalha em uma multinacional de telecomunicações há oito meses, onde conheceu Paulo*, 30, que já estava na companhia há três anos. Não há disputa de cargo entre os dois, pois pertencem a áreas diferentes, contudo, como a empresa permite o relacionamento entre funcionários, Marina não é a primeira namorada de Paulo no escritório. E na sua lista de ex´s está Fabiana*, com quem namorou durante quase um ano e, que ao saber do namoro, passou a fazer da vida de Marina um inferno.

“Ela trabalha na mesma gerência que eu e, em relação ao trabalho, ela busca não complicar a minha vida, conversamos o necessário e não prejudicamos as nossas tarefas por conta disso, mas o maior problema é quando o que está em jogo são as atividades sociais. Todo mundo é unido, faz happy hour, almoça junto em grupos, troca presentes no final do ano... Ela me exclui e quando é inevitável que a gente se encontre em situações assim, é rude e faz de tudo para me contrariar ou me isolar. Não que eu queira ser amiga dela, mas acho que ela não devia tentar impedir a minha aproximação das pessoas com quem já tem uma relação de amizade”.

Opinião da especialista
Segundo Ana Lúcia Costa Couto, psicóloga, diretora da Grupo & Companhia Consultoria e Treinamento e especialista em Recursos Humanos com foco nos aspectos comportamentais, quem passa por uma situação assim é que deve avaliar se vale a pena investir no love office.

“O que nesse momento parece mais importante? A relação é boa o suficiente para que a mulher suporte tal hostilidade? Se ela terminar o namoro, o boicote social acabará?”, questiona. A expert aconselha, no caso da opção pela continuidade do namoro, a criação de uma estratégia de aproximação gradativa com as pessoas do grupo, uma a uma, de modo a fortalecer o relacionamento com elas até minar o bloqueio, o que requer paciência, tempo e bom domínio emocional.

Se a ex não deixa a questão interferir na rotina de trabalho das duas, se trata de uma grande jogadora que sabe manejar uma guerra de nervos, pelo menos enquanto sente que está atingindo o seu objetivo, segundo a psicóloga. Por isso, dar menos poder e atenção a ela e começar a olhar para o que realmente deseja e importa e para as pessoas que merecem atenção e amizade é uma boa tática. “Marina também pode encarar tudo isso como uma oportunidade de aprender a lidar com situações de boicote, pois outras semelhantes podem surgir durante sua vida profissional”, completa Ana Lúcia.

CASO 2 – Que tal levar o seu marido para o seu trabalho?

Neste relato, o romance não nasceu no escritório, mas o trabalho tem um papel fundamental na história deste casal. Afinal, os dois podem optar por trabalhar juntos fora do país. “Fui contratada por uma empresa brasileira de grande porte com muitas operações no exterior, que expatria muitos executivos. No caso de quem é casado ou pretende se casar, dependendo do ramo de atuação do parceiro, a empresa contrata este profissional e o expatria também”, conta a engenheira Mônica*, 34 anos, casada há pouco mais de um ano com o advogado João*. Contratada para assumir um escritório na Europa, teve a proposta estendida ao seu marido para que ele pudesse ir junto com ela. A grande dúvida é se a oferta pode ser prejudicial para a vida a dois ou mesmo para a carreira deles.

Opinião da especialista
“Este é o sonho dourado da maioria dos casais quando um dos dois é expatriado – chegar em outro país e ambos terem um emprego, pelo menos para começar”, reflete Ana Lúcia. “A posição da empresa é válida e até louvável, casais assim são afortunados e tiraram a sorte grande em colaborar para uma empresa que concede esta oportunidade raríssima”, completa.

Para que se sobressaia apenas o lado bom desta empreitada – adaptação no exterior junto com o parceiro, o aprendizado, vivência de outra cultura e possibilidade de desenvolver outras habilidades – é importante ter algumas regras claras. Algumas delas? “Separar momentos para NÃO falar em trabalho para a casa não vire uma extensão do escritório, adotar um comportamento discreto em relação à vida pessoal e não usar o casamento para obter vantagem em qualquer entrave de trabalho, ou seja, os cuidados normais de duas pessoas que trabalham na mesma empresa”, cita Ana.

“Não vejo como assumir esta posição possa prejudicar a carreira do casal, pois nenhuma empresa mantém alguém incompetente só porque é o cônjuge de alguém que considera competente”, explica Ana. “Eles devem aprender, crescer, conhecer as expectativas da empresa quanto ao trabalho de cada um e, claro, apresentar bons resultados. No mais, relaxar, passear, aproveitar os maravilhosos e românticos jardins europeus, tomar bons vinhos e divertirem-se muito. Nada é melhor para a vida amorosa do que isso, certo?”, analisa.

CASO 3 – Assumir ou não assumir, eis a questão

Joana*, 29 anos, há quatro faz parte do quadro de funcionários de uma multinacional fabricante de automóveis e não sabe se a política da empresa permite o relacionamento entre colegas. Ela tomou conhecimento de alguns casos pelos corredores, mas ninguém chegou a oficializar uma união para saber se pode ou não. Ela se apaixonou perdidamente pelo seu vizinho de baia, de quem é amiga desde que entrou na companhia, no programa de trainee.

Eles se conheceram na época da seleção e desde então vêm crescendo juntos na área de finanças. São muito amigos, sempre frequentaram a casa um do outro e o envolvimento nasceu naturalmente. Agora não sabem se assumem ou não o namoro, que inclusive pode virar casamento. “Ainda é comum nesses casos um dos dois se demitir? Qual é a postura atual das empresas quando isso acontece? O que fazer no caso de um envolvimento sério com alguém do trabalho?”, pergunta Joana, aflita.

Opinião da especialista
Quando não sabemos algo, a primeira coisa a fazer é buscar saber, de preferência de uma fonte fidedigna, que neste caso é a área de Recursos Humanos. “Pergunte se a empresa tem uma política explícita sobre namoro ou casamento entre funcionários e, se tem, qual é”, sugere a psicóloga, que completa com o próximo passo: “Caso não seja permitido, avise o chefe. A forma mais profissional de lidar com isso é a transparência, pois se a empresa tem uma regra, seja ela justa ou não, e você a está descumprindo, vocês têm uma questão de compliance. Desconhecer a norma não justifica não segui-la e isto se torna especialmente grave para quem trabalha na área financeira”, comenta. A empresa ficar sabendo por outros meios pode criar uma situação muito mal interpretada.

“Quem vive essa história pode também fazer uma lista das próprias competências e verificar em quais outras áreas poderia trabalhar, porque o mais comum nesses casos é que a empresa aceite a relação, mas não que ambos trabalhem na mesma diretoria”, diz Ana Lúcia. “Independentemente da posição que se tem na companhia, manter a discrição é fundamental e, por último, mas não menos importante, lembre-se que nenhum emprego do mundo vale mais do que viver um grande amor. Ainda mais quando se tem 29 anos...”, finaliza.