O medo de se relacionar após uma desilusão amorosa

Entre o amor e a decepção, a desilusão amorosa é tema das mais variadas publicações literárias, filmes e músicas. O que para alguns é alimento para a criação, para outros é motivo de desacreditar na possibilidade de se relacionar com outras pessoas ou de se permitir viver um amor.

Após o fim de uma relação, é natural que a mulher se sinta desestimulada a começar uma nova história. Porém, alguns sinais que fazemos questão de não ver podem estar evidentes logo no início do relacionamento.

Para a psicóloga Luana Ferreira da Silva, a orientação é buscar observar as atitudes que prejudicaram o romance para evitá-los. Não basta se lamentar, mas sim transformar os erros cometidos e os fracassos em aprendizado.

A arte imita a vida

A história da estudante de letras Daniela Bastos Scherbaum, de 24 anos, até parece uma das obras literárias que ela mais aprecia. Assim como no romance Lolita, do escritor russo Vladimir Nabokov, ela viveu um grande amor na adolescência que durou dez anos.

Aos 13 anos, Daniela conheceu Pedro e logo se apaixonou pela figura do professor de inglês e estudante de filosofia. “Ele era nove anos mais velho e eu descobri que ele era casado, logo nas primeiras semanas de relacionamento”, conta.

Com o tempo, o envolvimento aumentava e as mentiras também. Depois de dois anos, a mulher de Pedro engravidou e Daniela decidiu se separar dele a pedido de sua família, que sempre foi contra o relacionamento.

A dor e a perda da ilusão deste amor fizeram com que Daniela emagrecesse seis quilos em uma semana. Após dois anos, voltaram a se ver, mas logo ela descobriu que estava sendo traída e que o novo relacionamento de Pedro envolvia mentiras, abortos e violência.

Após contabilizar dez anos entre idas e vindas, a jovem passou a perceber a postura egoísta do companheiro e o quanto ela se anulava diante dele. "Procurei acompanhamento psicológico, pois sentia que havia perdido parte de minha vida, passei a acreditar que aquele sentimento bonito que faz bem às pessoas só me destruiu", lamenta Daniela.

Já quem assistiu ao filme "Os Amores de Picasso", e se identificou, sabe muito bem o que a perda de identidade pode trazer para a vida de uma mulher. Ariane Almeida, 24 anos, publicitária, conta que ela passou a “gostar” de comida japonesa, artes marciais e futebol para poder acompanhar e agradar ao namorado.

“No início, eu até achei as novidades proporcionadas pelo meu amor eram uma forma de eu ampliar meus conhecimentos. Depois, observando as comunidades no orkut das ex-namoradas dele, vi que elas gostavam da mesma coisa que eu passei a gostar.”

Depois de um ano, como o rapaz sempre fazia com outras mulheres, ele terminou com Ariane, alegando que precisava de um tempo, e logo se envolveu com outra menina que, não demorou muito, passou a gostar das mesmas coisas que ele impunha.

“O resultado foi que fui trocada pela novidade, uma vez que não tinha vontade própria e fazia tudo ao modo dele”, conta Ariane, que optou por ficar solteira, pois diz ter dificuldade de confiar novamente nos homens.

“A desilusão amorosa não é culpa apenas de uma das partes. A forma com que a pessoa se posiciona vai garantir que ela não continue presa ao passado", explica a psicóloga Luana.

Fonte: Ig